GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA – PARTE I
A Organização Mundial de Saúde considera como adolescência o período da vida que vai dos dez aos vinte anos. É o período compreendido entre a infância e a fase adulta, caracterizado por grandes mudanças biológicas, psíquicas e sociais. É um período de adaptações e experiências, que irão gradativamente construir um indivíduo capaz de alcançar o objetivo primordial de sua existência, que é a procura e o encontro da felicidade.
É exatamente neste período de experimentações que a sexualidade explode, comandada pela produção crescente de esteróides sexuais, mais conhecidos como hormônios .Sob a ação destas substâncias transforma-se o corpo, desperta-se o desejo, e sob a influência da mídia televisiva, surgem padrões de comportamento que precisam ser reavaliados. Na televisão raramente ocorre a gravidez indesejada e nunca se contrai uma moléstia sexualmente transmissível. Isto reforça o sentimento de onipotência do adolescente, que sabe das coisas, mas acredita que nunca ocorrerá com ele. É o que se convencionou chamar de “pensamento mágico”, que nenhuma proteção é capaz de trazer.
A população adolescente no mundo é estimada em um quarto da população total. No Brasil de hoje existem mais de trinta e cinco milhões de adolescentes, o que por si só justifica uma medicina e uma política voltadas exclusivamente para eles.
O número de adolescentes grávidas no Brasil é da ordem de um milhão a cada ano, tendendo a crescer. Isto é suficiente para que este fato possa ser considerado como um grave problema de saúde pública, e mereça a atenção das autoridades em todos os níveis de governo.É necessário que se crie uma política voltada para a educação sexual em todas as etapas da vida. É importante lembrar que educação sexual é um processo de construção lenta e contínua. Não se limita a dar noções de reprodução em aulas de biologia ou a realizar esporádicas palestras a respeito do tema. Trata-se realmente de educar, preparando o indivíduo para adaptar-se ao mundo e para viver a sua sexualidade de uma forma consciente e responsável. Só assim poderemos modificar este quadro, que não é privilégio brasileiro, mas ocorre em todos os países, sejam eles desenvolvidos ou em desenvolvimento.