AS DEFICIÊNCIAS E SUA PREVENÇÃO
A Organização Mundial de Saúde estima que dez por cento dos indivíduos, em qualquer grupo populacional, sejam portadores de alguma deficiência. Para tornar claro, deficiência vem a ser uma condição que torna uma pessoa incapaz de realizar algum tipo de atividade considerada normal para um ser humano da mesma idade.
A deficiência não é uma doença, mas pode ser provocada por algumas doenças , assim como por acidentes, uso de drogas, carência alimentar, causas hereditárias ou genéticas e diversas outras situações.
Sendo tão freqüente, as deficiências tornam-se, obrigatoriamente, um problema para toda a sociedade. Qualquer indivíduo tem em seu círculo profissional, familiar ou social algum envolvimento com deficientes. Sabendo que estas situações podem ser evitadas, em uma grande parte dos casos, torna-se dever de todos colaborar para isso.
As deficiências são provocadas por algum dano físico , motor, visual, auditivo ou mental. Estes danos podem ser leves ou severos, e aproximadamente em quarenta a sessenta por cento dos casos são passíveis de prevenção. É dever de todos, principalmente dos profissionais de saúde e do poder público, colaborar e agir para que esta prevenção seja cada vez mais abrangente.
Em que situações podemos contribuir para a prevenção das deficiências? Basicamente, em quatro etapas :
1. Fase pré-concepcional: O comportamento preventivo deve ser iniciado no momento em que uma mulher decide ter um filho. Os futuros pais devem certificar-se de que são saudáveis e de que os riscos de doenças de cunho genético não estão aumentados. A maioria das mal-formações tem origem nos primeiro dias ou semanas da gravidez, e muitas doenças infecciosas, uso de medicamentos e drogas podem alterar a formação correta do embrião e transformar-se em uma deficiência futura. A vacinação contra a rubéola e o tratamento ante-natal da sífilis constituem dois grandes exemplos da importância enorme da avaliação pré-concepcional.
2. Fase pré-natal: Um adequado acompanhamento pré-natal, com a realização de todos os exames preconizados, é ação extremamente eficaz tanto na prevenção de deficiências como na redução dos altos índices de mortalidade materno-fetal ocorrentes no Brasil. É necessário que a gestante tenha acesso rápido e imediato a uma adequada assistência. A morosidade burocrática da rede pública e a demora no atendimento e na realização dos exames de rotina das gestantes é causa preponderante de muitas das mazelas a que a nossa população está condenada. É preciso agilidade na captação da grávida para o pré-natal e no acesso aos atendimentos indicados, o que não ocorre na prática. É fundamental, também, que todas as grávidas tenham seu pré-natal, trabalho de parto e parto acompanhados pelo médico obstetra e que o pediatra atenda ao recém-nascido ainda na sala de partos. É também importante enfatizar os benefícios do parto normal para a mãe e para o bebê.
3. Fase peri-natal: Após o nascimento, é valioso o exame do recém-nascido pelo neo-natologista, bem como o seu acompanhamento mensal no primeiro ano de vida. Os exames preconizados e a aplicação das vacinas recomendadas são os pilares da prevenção das deficiências nesta fase. Quando o teste do pezinho detecta um hipotireoidismo congênito, a administração imediata do hormônio tireoideano previne sérios comprometimentos mentais que, uma vez instalados, tornam-se irreversíveis.
4. Fase pós-natal: No decorrer dos primeiros anos de vida a criança continua exposta a adquirir algum tipo de deficiência. Como exemplos, citamos doenças ( meningite, sarampo,etc), assim como traumatismos, acidentes domésticos, queimaduras, ingestão de substâncias venenosas, violência em casa e desnutrição.
Todo ser humano, desde a concepção, passando pela fases de embrião e feto, e mesmo após um nascimento bem sucedido, está sujeito a sofrer danos capazes de originar alguma deficiência. Este assunto é de extrema complexidade e de responsabilidade de toda a sociedade. Se cada um fizer a sua parte, com certeza vamos diminuir, e muito, a ocorrência de deficiências em nossa comunidade.