A CIRURGIA NO CÂNCER DE MAMA
O histórico da cirurgia no tratamento do câncer de mama revela que, durante muitos anos, ele foi considerado uma doença sem cura e sem possibilidade de tratamento cirúrgico. Antes que surgissem formas de tratamento complementares, como a radio e a quimioterapia, a única forma terapêutica era a cirurgia. Ao final do século XIX, em 1894, foram publicados os primeiros estudos mostrando possibilidade de cura através do procedimento cirúrgico.
Daí em diante, o que se viu foi um grande questionamento sobre qual o melhor procedimento: cirurgia agressiva e extensa versus cirurgia mais conservadora com preservação da mama. Inicialmente, a cirurgia padrão consistia na retirada de toda a mama, dos gânglios localizados na axila e dos músculos peitorais, situados sob a mama (Mastectomia de Halsted). Posteriormente, passou-se a preservar parte desta musculatura (Mastectomia de Pattey) e, por fim, a cirurgia passou a se constituir da retirada total da mama e dos gânglios axilares, preservando-se toda a musculatura local (Mastectomia de Madden). Apenas por volta de 1970, é que surgiram os primeiros trabalhos mostrando eficácia do tratamento com ressecção apenas parcial da mama acometida.
A constatação foi que cirurgias agressivas e mutilantes apresentavam resultados semelhantes aos procedimentos conservadores, e que, em função disso, não haveria necessidade de empregá-los em todos os casos de câncer de mama. Sabemos, hoje, que, em muitas situações, a ressecção parcial da mama associada à retirada de apenas um dos gânglios axilares (chamado de linfonodo sentinela) é o procedimento cirúrgico de escolha para o tratamento. Em outras, porém, faz-se imprescindível, ainda, a ressecção de todo o tecido mamário.
A evolução da cirurgia plástica nos propicia, para aqueles casos em que se faz necessária a mastectomia total, a reconstrução durante o mesmo ato cirúrgico, através da colocação de prótese (silicone). Isso minimiza a sensação de mutilação e perda de feminilidade, bastante comum, após a perda da mama.
Não há mais dúvidas de que, com o aperfeiçoamento das técnicas de diagnóstico precoce, cada vez mais será possível adotar a cirurgia conservadora, com a certeza de que não está se subestimando a doença e oferecendo, à mulher, uma qualidade de vida extremamente melhor.