SÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS
Uma das patologias mais intrigantes e mais controversas, na clínica ginecológica, é a chamada Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Muitas mulheres encontram-se amedrontadas ao serem catalogadas como portadoras dessa síndrome por profissionais que explicam muito mal a elas o seu real significado.
Vamos entender do que se trata: as mulheres não têm ovulação todos os meses. Mesmo aquelas que menstruam regularmente, de 28 em 28 ou 30 em 30 dias, deixam de ovular, pelo menos, em 2 a 3 meses por ano. E em cada ciclo menstrual onde ela deixa de ovular pode surgir um pequeno cisto e permanecer na periferia do ovário, ou seja, em sua parte externa. Com o acúmulo desses pequenos cistos, observa-se, ao exame de ultra-som, a presença de vários microcistos. Esses ovários passam a serem chamados ovários policísticos.
Até aí, tudo bem, não fosse o grande terrorismo feito a essas mulheres em relação à sua capacidade reprodutiva, que faz as mesmas chegarem desesperadas ao consultório, preocupadas com sua fertilidade.
Os ultrassonografistas e os próprios ginecologistas têm que saber que o simples achado de ovários policísticos não caracteriza a síndrome e não implica, necessariamente, em incapacidade de engravidar. A síndrome caracteriza-se pela presença dos cistos associada a sinais e sintomas como acne, pele oleosa, aumento de pêlos no corpo, atrasos menstruais freqüentes e / ou alterações em alguns exames laboratoriais.
Importante lembrar que, antes de caracterizar essa síndrome, várias doenças devem ser excluídas, portanto, uma correta investigação deve ser feita para se estudar melhor uma possível causa para a irregularidade menstrual ou os outros sinais e sintomas.
Para as mulheres que não desejam engravidar, o tratamento com pílula anticoncepcional resolve a maioria dos casos. Em outras vezes é necessária a associação de medicações anti – androgênicas. Aquelas que desejam engravidar podem nem precisam de tratamento ou necessitar de medicações para estimular a ovulação, que deve ser feito com médico especialista.
A Síndrome dos Ovários Policísticos deve ser tratada, mas não devemos aterrorizar nossas pacientes com conceitos e teorias exageradas sobre o assunto. Sua fertilidade pode ser comprometida, mas, atualmente, conseguimos bons resultados em mais de 90% dos casos, muitas vezes com tratamentos simples e acessíveis.