HPV – O MITO E A REALIDADE
O vírus do papiloma humano (HPV) vem alarmando a população de forma crescente, à medida que estudos atuais mostram a alta incidência de sua carga viral em células com alterações cancerosas no colo uterino e vulva.
Realmente, com a modificação dos hábitos sexuais ocorrida nas últimas décadas, no bojo da descoberta da pílula anticoncepcional, muita coisa aconteceu. Com o avanço do feminismo, a evolução da mídia eletrônica e a iniciação sexual cada vez mais precoce, surgiram fatos negativos alarmantes .Um deles é a propagação das DSTs entre adolescentes que praticam o sexo desprotegido. Entre estas DSTs está a infecção pelo HPV, relacionada com a incidência cada vez mais alta de alterações cancerosas em mulheres jovens.
O risco de uma mulher que pratica sexo desprotegido adquirir o virus é de 79%. O risco de desenvolver câncer é de 1,3%. Considerando-se que os dados relacionam-se a todas as mulheres, de 20 a 79 anos, deduzimos que existem grupos de risco. São exatamente as populações jovens, nas quais o vírus torna-se mais agressivo por encontrar células propícias à sua multiplicação, principalmente no colo do útero. A multiplicidade de parceiros dissemina subgrupos de HPV, e a alteração cancerosa depende diretamente da existência de um pool de subgrupos. Ainda, depende de alterações nas defesas orgânicas, comprometidas pelo hábito de fumar, pelo stress, pelo sedentarismo e por uma alimentação desbalanceada (e ousamos chamar de progresso as mudanças ocorridas no mundo e em nossos hábitos de vida).
A realidade é que ter HPV não significa ter câncer, mas traz um risco que não pode ser negligenciado. Ter HPV não significa que houve contaminação pelo parceiro, mas a maioria dos casos é de transmissão sexual. Finalmente, nunca se pode precisar quando a paciente adquiriu o vírus, uma vez que existem casos em que a contaminação foi há muitos anos passados.
Estes são conhecimentos atuais sobre a doença. É verdade que a cada dia surgem novos conceitos e novas conclusões. É necessário que nos mantenhamos alertas e informados, tanto os profissionais de saúde como as pacientes que tratamos ( e principalmente aquelas que não tratamos, por serem descuidadas consigo mesmas e para as quais dirigimos estas palavras).